sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

MESOPOTÂMIA: A TERRA ENTRE RIOS


A Mesopotâmia era uma faixa de terra fértil, localizada entre os rios Tigre e Eufrates, no oriente médio, onde atualmente se localiza o Iraque e uma pequena parte do Irã. Em grego, Mesopotâmia significa “terra entre rios”. Sua principal característica era ser uma civilização hidráulica, que se formou à margem de grandes rios, aproveitando a fertilização proporcionada pelas águas dos mesmos, o que possibilitou que os grupos humanos se fixassem no território. 
 Os rios Eufrates e Tigre: uma relação de "amor e ódio" com os povos da Mesopotâmia. Se não fossem os rios, as civilizações dessa região não teriam existido, mas na época de cheia as cidades sofriam com as constantes enchentes e inundações.
Mesopotâmia: exemplo de civilização hidráulica
 
            
A Mesopotâmia foi uma das primeiras regiões onde ocorreu o processo de passagem de uma sociedade sem classes para uma sociedade estratificada e produtora de excedentes destinados à realização do comércio. O seu processo civilizatório foi contemporâneo e similar ao do Egito, com algumas diferenças marcantes: a civilização egípcia era pacífica, e a mesopotâmica militar – e a Mesopotâmia nunca alcançou a unificação política como ocorreu no Egito, pois sua organização social era baseada em cidades-estado independentes e autônomas. Ou seja, cada cidade tinha governo próprio e controlava seu próprio território e sua rede de irrigação
       A Mesopotâmia está inserida no chamado Modo de Produção Asiático, sistema no qual um governante divinizado – representante dos deuses – explora a comunidade por meio de trabalhos forçados e da cobrança de impostos. O Modo de Produção Asiático, de uma forma geral, caracteriza toda a antiguidade oriental: um governo teocrático que impõe a servidão coletiva sobre a população. O trabalho forçado era destinado a construção de obras públicas, geralmente destinadas a agricultura.
         Outra diferença entre Egito e Mesopotâmia é que o primeiro apenas se beneficiou das águas do rio Nilo, enquanto que a segunda enfrentou inúmeras enchentes por se encontrar entre dois rios. Uma prova de que as enchentes catastróficas eram bem comuns na Mesopotâmia é que a cidade de UR, uma das mais antigas da humanidade, chegou a ser 16 vezes reconstruída durante a antiguidade. As enchentes dificultavam a hegemonia de uma cidade sobre as demais, talvez por isso a Mesopotâmia não tenha obtido uma unificação política duradoura.


Zigurate de UR: misto de templo e centro administrativo. Uma mostra material da teocracia do mundo antigo oriental.

 As enchentes também estão na origem da estrutura social da Mesopotâmia, pois, para resolver o problema causado por essas inundações, as comunidades se empenhavam na construção de barragens, diques e canais de irrigação, visando ao controle, armazenamento e à distribuição das águas. Para a realização dessas grandes obras, era necessária a liderança e a coordenação de um grupo forte, uma espécie de governo central, que garantisse a construção e manutenção dessas grandes e vitais obras públicas.


A agricultura e a pecuária eram as principais atividades econômicas da Mesopotâmia. Os mesopotâmicos plantavam trigo, cevada e gergelim e criavam porcos, carneiros e cabritos para a alimentação, e cavalos e camelos para o transporte. O governo controlava o comércio e a produção, cobrando impostos sobre todas as atividades. Havia também um comércio bastante representativo na região, com a exportação de cereais, metal e artigos artesanais, principalmente têxteis, e a importação de madeira, metais e pedra dura.
 
Estátua suméria do Deus Anu

Em termos religiosos, os mesopotâmicos eram politeístas, e seus deuses tinham forma humana (antropomórficos). Cada cidade tinha o seu deus protetor. Os principais deuses eram Anu (deus-pai), Shamash (deus do sol), Sin (deus da lua), Inanna (deusa do amor e da guerra), Enlil (deus do vento), Marduk (protetor da cidade da Babilônia), Assur (protetor da cidade de Assum). Nos templos (zigurates), ocorriam orações, cultos e sacrifícios de animais (oferendas). A cerimonia era recheada de magia, elementos de adivinhação e exorcismo

Na literatura, a narrativa mais importante é a epopeia de Gilgamesh, que narra as aventuras de um semideus na busca pela imortalidade.


A estrutura social da sociedade mesopotâmica
Rei: o rei tinha o seu poder legitimado por ser considerado o representante dos deuses no mundo dos humanos. O rei era chefe militar, político e religioso. Possuía a maior parte das terras.
Sacerdotes, nobres, chefes militares: elite da Mesopotâmia que ocupava os cargos públicos. Os sacerdotes administravam os templos e possuíam celeiros, armazéns e oficinas.
Fiscais, escribas, comerciantes: grupo que trabalhava para as elites. Os escribas eram os responsáveis pelos registros escritos, funcionários públicos do Estado.
Camponeses, soldados, artesãos, escravos: maior parte da população, eles viviam em péssimas condições e pagavam impostos. A escravidão no mundo antigo está ligada à guerra. Eram os prisioneiros de guerra ou descendentes de um povo derrotado. Havia ainda uma parcela que havia se tornado escrava por não conseguir pagar uma dívida.


O Legado da Mesopotâmia
Além do Código de Hamurabi, a Mesopotâmia deixou contribuições na área da Matemática (soma, subtração, divisão, multiplicação, raízes quadrada e cúbica), da astronomia (calendários lunares, previsão de eclipses), da arquitetura (palácios e templos) e da escrita (cuneiforme ou escrita de sinais).
A palavra cuneiforme vem de cunha, instrumento de bambu utilizado para gravar os sinais em barro úmido. Após o barro ser gravado com a cunha, ele era exposto ao sol para secar e depois colocado no forno para ganhar resistência pelo cozimento.
A escrita servia para controlar a produção e o estoque de alimentos, dos rebanhos e dos produtos têxteis; possibilitava a contabilidade dos templos e do palácio real e o registro dos textos religiosos, literários e das leis. A escrita abrangia cerca de 400 caracteres.
Arte mesopotâmica: descrição, sobriedade e temática militar, completamente diferente da arte egípcia.

As estruturas arquitetônicas de maior porte eram os templos e o palácio real. Inicialmente, por volta de 3000 a.C., emergiram nas cidades os templos religiosos e, em um segundo momento, em 2600 a.C., uma segunda estrutura arquitetônica de porte, o palácio real, a morada do rei e o novo poder central. A pintura e a escultura eram artes decorativas, que retratavam temas religiosos e bélicos e embelezavam o interior dos templos e palácios.
Os mesopotâmicos acreditavam que os astros influenciavam o comportamento e o destino dos homens e, por isso, organizaram o zodíaco dividindo-o em doze signos e elaborando o primeiro horóscopo, inclusive com as designações pelas quais até hoje são conhecidos os signos: touro, gêmeos, leão, capricórnio... Desta forma, lançaram as bases da astronomia/astrologia. As observações astronômicas permitiram que o ano fosse dividido em 12 meses, a semana em 7 dias, o dia em 12 horas duplas, que fossem estabelecidas as estações climáticas e a regularidade das fases da Lua, além do sistema numérico baseado em 60 (uma hora: 60 minutos; um minuto: 60 segundos…), ainda em uso atualmente, dividindo o círculo em graus e a hora em minutos e segundos.  Os mesopotâmicos nos deixaram os seguintes conhecimentos: ano de 365 dias e dividido em 12 meses, semana de 7 dias, dia de 24 horas, hora de 60 minutos, minuto de 60 segundos, divisão do círculo em 360 partes, processo da multiplicação, horóscopo e os doze signos zodíacos


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